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Sunday 20 March 2011

O Pão de Pai Ogùn...


Foto: Orixá Ogum rodando o tradicional balaio de pães feitos com inhame,em festa ritual do Candomblé , conduzido pelo babalorixá Erick T 'Oxalá.

Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os dias de padroeiros queridos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Essas festas tão brasileiras têm uma origem remota. Antes do nascimento de Jesus Cristo, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o solstício de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em junho e marca o início da estação quente. Com o avanço do Cristianismo, a Igreja preservou e incorporou essas tradições também como forma de conseguir mais popularidade.


No Brasil, elas ganharam cores e sabores influenciados pelos índios e negros escravos, responsáveis pela mão-de-obra nas cozinhas, através de quitutes de milho, amendoim e mandioca, tapioca, paçoca, pé-de-moleque, entre outros. O mesmo ocorreu com relação ao sincretismo religioso entre o Catolicismo e o Candomblé, que associou o Santo guerreiro católico, ao Orixá guerreiro africano.


O inhame de Ogun, representa o pão de Santo Antonio, o “pão-nosso de cada dia.” Para os sertanejos, elas têm um significado muito importante, reforçando o sentido de união da comunidade. É com esse sentido que o pão/inhame, constitui um elemento inseparável de toda a devoção a Santo Antônio e a Ogun, independente de sua origem. Ele até se chama "Pão de Santo Antônio" ou "Pão de Ogun". Essa história remonta um fato curioso: Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido roubados. Atônito, foi contar ao santo (Antonio) o ocorrido. Este insistiu que o padeiro verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. Logo ele voltou estupefato e alegre dizendo que os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento!


Até hoje na devoção popular, o "pãozinho de Santo Antônio" é colocado, pelos fiéis nos sacos de farinha, latas de mantimento ou dentro dos armários onde se guarda comidas, com a fé de que, assim, nunca lhes faltará o que comer. O mesmo ocorre com os pães distribuídos nas festas do Orixá guerreiro. Ogunhê!!!